“Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler...”
- A menina que roubava livros.
Eis que venho apresentar-me, quem sou eu? Bem, todos me conhecem por um nome temido, uma denominação um tanto sombria na opinião de alguns. Porém, sou bem falada por outros grupos e culturas que se encontram nesse plano. Não sou má como muitos pensam, apenas faço meu trabalho, ceifando e caminhando almas para seus determinados caminhos. O que acontece após a morte é algo um tanto amplo, algo que incumbiria uma biblioteca. Porém, não tenho tempo para narrar como isso funciona. Afinal, tenho muito trabalho a fazer, esta é a minha dura e dedicada ‘vida’. Vamos me deixar de lado, e seguir adiante no que vim fazer...
Estou aqui para contar a história de um garoto, um jovem que um tanto me atraiu. Sinto uma atração por ele, um magnetismo que me leva a observá-lo com meus olhos fundos e negros. Sempre procuro uma forma de estar ao seu lado e ver como prossegue em vida. Não sei o porquê, mas sempre paro e sento em algum local para analisá-lo com fascínio. Não sou dotada de sentimento, mas sinto uma grande paixão por como ele vive e segue os passos. Matthews é um garoto dotado de muitas dádivas e de um importante destino que pesa sobre seu corpo. Esta criança meche com grandes, e os mesmos temem como serão as futuras marchas do jovem. Há muito tempo o venho escoltado, mesmo antes de se tornar desperto. Sei o que ocorreu na infância dessa criança, e penso que muitas teriam tomados caminhos diferentes, por exemplo? ... A destruição!
Meu tempo esta acabando, terei de ser objetiva e clara no que vir falar. Desde o despertar, algo tem desgastado a saúde da criança de olhos rubros. Não sei de onde vem, ou a origem. Imagino muitas respostas para isso, talvez ‘grandes’ estejam querendo colocar palitinhos no destino desse garoto. Talvez seja de linhagem, ou até possa ser que o desperto tenha se colocado em alguma situação difícil após sua ascensão. Entretanto, algo o esta destruindo. Ainda não é à hora de levá-lo. Porém, antes mesmo do garoto ascender, algo dentro de si quase o levou a morte, naquele momento a qual o garoto segurava fortemente seu peito. Tive de intercalar e impedir algo acontecesse a ele, não somente por amor, mas também porque o seu relógio ainda não havia despertado. Quando toco um individuo, o mesmo leva consigo lembranças de um passado utópico, real, mas que não deixa de ser decorrido. .E assim foi que ocorreu com Matthews. Após examiná-lo, percebi que lembranças foram rasgadas, de uma forma divina, alguém colocou restrições na vida dessa criança. Algum segredo foi encoberto por espectros e escuridão jogadas nos sonhos do que admiro. Porém, tenho que fazer minha parte, que é observar e esperar o momento certo. Contudo, não admitirei que a vida dessa criança seja levada por ‘acidentes’ e moldagens daqueles que querem fazer da vida um jogo. Tenho um titulo, e irei seguir o meu paradigma.
Possuo uma grande curiosidade sobre que enfermidade o Matthews possui, esta além do meu conhecimento sublime. Já tive oportunidade de ver vários tipos de moléstias ocorridas. As mesmas foram acabadas diante das mãos dos próprios despertos ou divindades. Como a peste negra que vi ser degradada com todas suas descendentes, entre outros.
Uma vez entrei nos sonhos do órfão, e decidi por mim mesma verificar e analisar a doença. Por impulso fiz algo que me arrependi até os dias atuais. Eis que ao adentrar em uma capela sombria e moldada em prole, sobre uma noite obscura e vermelha, pude presenciar uma divindade com meus próprios olhos, esta possuía longos cabelos negros e se escondia sobre a face de uma mulher de aparência descomunal, que me paralisou. Seu olhar era vazio. Ela tocava uma harpa dourada que parecia parte da asa de um anjo, a qual soava sons afáveis e sombrios. Ao me olhar, disse:
- “Quem é que tenta invadir os sonhos da minha semente (sua voz era calma e pacífica a forma de dar calafrios)? Eis que sou a guardiã desse local e protetora da criança a qual ousaste a submergir a mente. Estas em meu território, um santuário a qual não és bem vinda. Terás tua punição, do cálice do sagrado nunca mais ousarás a invadir nenhum local sagrado, das chamas do apocalipse purifico teus olhos e tua alma, para que jamais afoite um paraíso”.
Apartar daquele momento, não consigo mais distinguir as cores que submergem a tellurian, vivo com uma faixa sobre meus olhos. Mas ainda sinto o cheiro da essência que vem da criança a qual nutro um entusiasmo. Sei que a divindade protegia algo, alguma coisa que se escondia sobre a sombra de suas asas. Também senti um aroma diferente naquele local. Sou uma especialista em doenças, e sei que o que está matando esta criança vem dentro dela. Algo suga a vida do órfão, e com o tempo, Matthews terá de aprender a vencer isto. Eu torço pelo jovem, ele não tem culpa do fardo que lhe foi submetido. Não sei como anda o paraíso, mas se eles acham que uma vida deve ser futuro de uma brincadeira, estão totalmente enganados. Meu padrão funciona apenas em observar, e assim farei até a chegada dos tempos difíceis. Contudo, impedirei que você morra antes da sua hora. Afinal, ninguém pode anteceder algo que a morte já escreveu no livro do acabamento.
“Matthews, no momento certo. Você terá de confrontar a escuridão que se esconde dentro do seu peito e daquele calabouço, desvendar o que se esconde dentro de si, e vencer seus medos. Assim, decidir qual será o destino do mundo... Ande, nunca desista, cada passo será mais árduo... não tenho idéia do seu futuro, mas sei que existirei até o dia que você se juntar ao pó da terra... torço para que sua recompensa seja da forma que você sonha, ao lado de sua mãe...”
“A partir de hoje, toda a vida desse garoto até o final de sua existência serão narradas mediantes minhas mãos... Mesmo cega, ainda tenho minhas habilidades inatas, e espero que você leitor, tenha toda a convicção do que esta lendo, pois, possa ser que sua morte esteja próxima, e peço que não se preocupe, estarei nas proximidades para lhe guiar até o seu verdadeiro caminho... O meu nome? Bem, fica ao seu critério como me chamar...”